Era uma extremo de alto gabarito, positivamente agressiva e também com tenacidade quando o assunto era defender. Cumpria com sagacidade sempre que o treinador dissesse “hoje tu e ela não jogam”. Aí era uma certeza de que a adversária escolhida seria vítima de marcação cerrada. Que viveria momentos de fel! E para complementar os seus atributos, Ilda era uma boa lançadora da linha dos 6,25 metros.
São características que não caíram do céu, atendendo e considerando que os atletas têm quase sempre alguém que admiram. Ilda confessa que espelhava-se na forma de jogar de Esperança Sambo, Joaquina Balói e de Aurélia Manave. São jogadoras com uma enorme sede de vencer. Mesmo a perder, nunca se deixavam abater e puxavam muito pelas colegas”.
Mas também tinha ídolos no “basket” internacional, curiosamente do sexo oposto. Michel Jordan era um deles, mas o que mais a impressionava era nada menos nada mais que o irascível e extrovertido Dennis Rodman, o próprio “Verme” em pessoa.
“Eu gostava da agressividade do Dennis Rodman e inspirei-me muito na sua maneira de jogar”.
Conheçamos um pouco mais esta craque da bola ao cesto.
NEM QUERIA
SAIR DA BEIRA
Chama-se Ilda Miguel Fumune. Nasceu na Beira, no bairro Palmeiras, aos 6 de Maio de 1967. É primogénita do casal Miguel Fumune e Deolinda Octávio, “manhembanas” de gema, que trouxeram ao mundo oito rebentos, seis mulheres e dois rapazes. Atrás de si vêm Quitéria, Joaquim, Beatriz, Ernoca, Manuela, Ernestina e, por fim, Vicente.
O gosto pelo desporto começa aos 10 anos, quando era estudante da Irmãos Maristas. “Via jovens um pouco mais velhos jogando “basket” e no intervalo também comecei a bater bolas. A par do “basket” gostava de praticar atletismo. Fazia 800 metros e triplo salto”.
Os primeiros Jogos Desportivos Escolares, realizados em 1978, foram um factor motivacional para Ilda apostar mais no basquetebol. “Fiz a preparação na Beira, mas infelizmente não tive a sorte de integrar a selecção que veio a Maputo. Seja com for, isso não me fez desistir”.
Em 1981 passou a representar o Palmeiras da Beira, fazendo atletismo e “basket”. Era tão talentosa que, apesar de pertencer aos escalões de formação, uma e outra vez já era chamada a integrar a equipa principal de basquetebol do Palmeiras.
“Convivi com a família Conde. Alguns membros jogavam no Ferroviário e outros no Palmeiras. Em 1982 participei num “Nacional” em Maputo e foi aí que tive o primeiro convite para jogar na capital do país, vindo de Belmiro Simango. Mas eu gostava imenso da Beira e não me via a viver fora daquele meio”.


