No Estádio Nacional do Zimpeto, o “tartan” vermelho não foi apenas um traço técnico no chão, mas uma linha de destino traçado pelos pés e pelos sonhos de quem ali correu. De 16 a 18 de Maio corrente, o Campeonato Nacional de Atletismo de Pista transformou aquele espaço num palco de entrega, suor e superação.
O brilharete da prova só foi beliscado pela pouca participação de atletas, como, aliás, reconheceu Salvador Chitsondzo, director técnico da Federação Moçambicana de Atletismo, que referiu que “em termos quantitativos ainda estamos aquém. Precisamos de mais atletas num campeonato nacional”, observou.
Fora isso, assistiu-se a três dias em que o tempo parecia correr ao lado dos atletas, onde o calor do sol se confundia com o calor humano que vinha das bancadas quase vazias, dos gritos de apoio e da energia em cada som do apito.
Nas provas femininas, as Águias Especiais mostraram que não basta correr, é preciso acreditar e com 23 pontos sagraram-se, pela primeira vez, campeãs nacionais em seniores femininos, suplantado inesperadamente o Ferroviário de Maputo, com 18 pontos, num pódio que fechou com Mahotas a somar 11.
Já em masculinos, o brilho verde do Ferroviário de Maputo foi inquestionável. A equipa somou 52 pontos, que garantiram a revalidação de forma folgada do título nacional. As Águias Especiais, com sete pontos, o Matchedje de Maputo, com seis, fecharam o pódio.
A nível individual, a grande estrela do campeonato foi Badrodino Comé, que protagonizou um feito histórico ao quebrar o recorde nacional dos 110 metros barreiras, que durava há 52 anos.
Antes dele, Abdul Esmail detinha a melhor marca desde 27 de Abril de 1974, com 14.70 segundos. Comé parou o cronómetro em 14.37 segundos, num gesto que uniu passado e presente.