Amade Chababe regressa aos palcos do futebol nacional 12 anos após a hibernação! Um regresso às origens, ao Grupo Desportivo de Maputo, onde se consagrou como respeitável médio-ofensivo, conquistando dois campeonatos (1983 e 1988). Detém ainda o recorde de golos no Campeonato Nacional, com 27 tentos apontados em 1983, antes de pendurar as chuteiras em 1990.
Pode dizer-se que se trata de um reencontro com a história — uma espécie de “reparação social” com o passado glorioso do emblema preto-e-branco, agora mergulhado numa profunda crise financeira e até de identidade. Movido pelo amor que ainda lhe corre nas veias e pelo coração que continua a suportar intensas emoções, Chababe quer, a todo o custo, devolver a mística e a irreverência à juventude do clube.
Chababe já vive a pobreza franciscana do nosso futebol: dos nossos campos, dos balneários que não existem, da luta titânica para garantir a qualificação para o Moçambola.
Já conhece de perto a arrogância competitiva do Campeonato da Cidade e da “Poule” de Apuramento. Sofre agora como treinador na busca de um objectivo que a direcção e os sócios tanto anseiam.
Amade Chababe não é apenas um treinador; é uma lenda viva do futebol moçambicano, empenhado em reescrever a história do Grupo Desportivo de Maputo.
O caminho será longo e desafiante, mas a sua determinação e o amor inabalável pelo clube prometem ser a força motriz para um regresso verdadeiramente glorioso.
NÃO PODIA VIRAR AS COSTAS
O técnico, que teve um papel marcante no Desportivo enquanto jogador, falou sobre a decisão de aceitar o convite para liderar a equipa, a sua visão sobre o futuro do clube e o impacto que espera alcançar.
“Quem anda no futebol como eu andei, tem o futebol no sangue. Tecnicamente, nunca deixei de estar envolvido”, afirmou Chababe, relembrando a sua ligação ao desporto mesmo após o fim da carreira como jogador.
“Quando estive na Beira, acompanhei de perto o Ferroviário da Beira na sua boa campanha continental. Agora, o convite do Grupo Desportivo de Maputo, o meu clube de coração, foi algo que não podia recusar. O clube está a navegar no deserto há muito tempo, e aceitei o desafio para ajudar a levá-lo a bom porto.”
O treinador não esconde a motivação emocional por trás da sua decisão. “O Desportivo é o meu clube. Apesar das dificuldades financeiras, não podia virar as costas a um desafio tão importante. Quero contribuir com o meu saber e experiência para que o clube volte a ocupar o seu lugar de destaque”.