O Estádio Nacional do Zimpeto (ENZ), palco que devia ser o reduto sagrado do futebol moçambicano, está neste momento a entrar numa fase decisiva, ou, se preferirem, de expectativas, daquelas que fazem lembrar uma final de campeonato: precisa de mostrar serviço, provar que tem estofo, que merece estar no jogo, e não apenas ser um figurante no banco.
Estamos a falar da inspecção da Confederação Africana de Futebol (CAF), que está a caminho para decidir se de facto o Estádio Nacional do Zimpeto, que nasceu para ser a casa dos “Mambas”, para receber multidões e elevar o futebol nacional a outro patamar, está ou não pronto para voltar a fazê-lo.
É que nos últimos tempos tem sido mais um espectador silencioso do que um protagonista, pois o relvado, esse tapete verde que deveria ser a passadeira onde se desenrolam os momentos mágicos, têm andado longe da qualidade que um palco destes exige. E se é verdade que o campo de batalha não é feito só de relva, mas também de estrutura, de organização e de cuidado, ninguém pode negar que o “Zimpeto” tem dado sinais claros de desgaste, quase a acusar o cansaço de uma temporada mal gerida.
Agora que se fala da inspecção da CAF, é como se estivéssemos a preparar uma equipa para uma eliminatória decisiva. Só que, ao contrário do que acontece no futebol, a pressão não pode ser deixada para a véspera. A manutenção do ENZ devia ser um treino diário, uma rotina impecável, sem falhas, porque um estádio nacional não se constrói e nem se mantém a ganhar de “penalty”. A cada jogo, a cada evento, há uma oportunidade para mostrar qualidade, para ganhar pontos no campeonato da reputação desportiva.
Mas a responsabilidade não é só da dos gestores, dos técnicos, das autoridades que dirigem e cuidam do estádio. A massa adepta, o público que frequenta as bancadas, e os jovens que sonham com a camisola da selecção também têm de jogar em equipa. É fundamental que haja consciência colectiva. Se o estádio é o nosso campo, nossa casa, então temos todos o dever de o defender, de o preservar. Não é justo haver alguém a tentar jogar fora de casa, numa qualquer arena improvisada, quando temos o “Zimpeto” pronto ou quase pronto para ser a nossa casa grande. Será que faz sentido continuar a desperdiçar esta oportunidade?
Não podemos assistir a cenas de vandalismo, de lixo acumulado, de descuido e desrespeito. Um estádio nacional não é um espaço para ser tratado com indiferença. É o palco onde se escrevem as maiores histórias do desporto nacional, onde se unem paixões e se constrói identidade. Danificar este espaço é um autêntico auto-golo, um erro que nos custa caro como nação.
Jogar numa casa emprestada é sempre um desafio acrescido. A manutenção tem de ser mais do que um investimento em cimento e relva. Tem de ser uma aposta numa cultura de respeito e conservação. Tem de ser um ponto de viragem, um sinal claro de que estamos a entrar numa nova época, em que o “Zimpeto” volta a ser um campo de sonho, e não um cenário de preocupação.
A resposta tem de ser um “sim” forte e claro. Porque um estádio nacional não é só um edifício, é o coração do futebol, o palco onde se desenha a nossa história desportiva, o local onde as futuras gerações se inspiram. Se quisermos que os “Mambas” joguem em casa, que o Estádio seja o palco do jogo contra o Botswana, a 8 de Setembro, de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2026, que as famílias encham as bancadas e que os jovens sonhem alto, temos de garantir que o “Zimpeto” esteja pronto para receber essa missão.
Por isso, não vale a pena só festejar uma reabilitação ou uma aprovação temporária. É preciso compromisso, para cuidar, proteger e honrar este espaço com o respeito que ele merece. Só assim o ENZ será verdadeiramente o “nosso estádio”, a casa onde o futebol moçambicano joga sempre para ganhar.