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MAIS DO QUE CAMPEONATO QUE SEJA UMA LIÇÃO DE RESILIÊNCIA!

O tão esperado e ansiado Moçambola-2025, finalmente, arrancou no fim-de-semana, com aquele baptismo feito pelos últimos campeões nacionais, Black Bulls e Ferroviário da Beira, no Tchumene.

Envolto em incertezas devido às questões logísticas, mormente as ligadas ao transporte aéreo das equipas de um ponto para o outro, o pontapé de saída dado no sábado é uma espécie de lufada de ar fresco para o país desportivo.

Mesmo assim, o Moçambola-2025 antevê-se uma prova desafiante para os organizadores e fazedores (clubes, atletas, treinadores, árbitros, massagistas…), pois o contexto é de dificuldades extremas.

Dificuldades de vária ordem, sendo de destacar, a par da questão do transporte aéreo, o défice orçamental que afecta a Liga Moçambicana de Futebol (LMF), que é a entidade organizadora da prova e os clubes, que na sua maioria têm infra-estruturas pouco recomendáveis para o futebol de alta-competição.

Os exemplos pragmáticos da precariedade das infra-estruturas chegam-nos de Lichinga e Moatize, onde as bancadas e os balneários não são apropriados para o futebol de alta roda, o que fez com que a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) reprovasse esses campos, colocando o Ferroviário de Lichinga e o Chingale de Tete, utentes dos mesmos, em “saia justa”.

A recuperação dessas duas infras-estruturas para reentrarem no mapa do Moçambola exigirá, dos clubes ou autoridades locais, um esforço gigantesco. Ainda bem que em Lichinga, pelo menos, se trabalha contra o relógio, com vista a repor-se o “Municipal Primeiro de Maio”.

Gigantesco será também a tarefa que a LMF terá de levar o Moçambola até ao fim sem grandes sobressaltos, mormente no que tange às movimentações aéreas dos clubes. A nossa dúvida ou receio nesse quesito não é obra do acaso. É que as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), a companhia que garante o transporte aéreo das delegações, passam por momentos de aflição, com poucas aeronaves disponíveis, além de problemas de gestão já endémicos.

Mesmo assim, o presidente da LMF, Alberto Simango Jr., já veio a terreiro em várias ocasiões afirmar, de viva voz, que o Moçambola irá até ao fim sem grandes sobressaltos.

Simango sustenta a sua fé cega com o compromisso já formalizado com a LAM, empresa que na semana passada viu a sua frota a ganhar mais uma aeronave.

Aliás, a LAM também já disse publicamente que, apesar dos problemas que enfrenta, o Moçambola-2025 está garantido, ou seja, haverá transporte para as equipas.

Apesar de todas essas garantias, os clubes, assim como o país desportivo, não acreditam cegamente que haverá Moçambola, no actual modelo, sem grandes sobressaltos até ao fim. Há muita gente receosa e até pessimista, mas o tempo encarregar-se-á de dissipar ou confirmar o que se receia.

É nesse contexto que alguns até já avançaram com esboços de figurinos alternativos, menos onerosos e pouco desgastante fisicamente, como é o caso de um campeonato em duas fases, a primeira regional e a segunda nacional. É um figurino com prós e contras, mas que, do momento, não será adoptado, pois a LMF tem fé cega na viabilidade do modelo actual, vigente desde 2002.

Seja como for, no meio de todas essas dificuldades, dívidas, infra-estruturas deficientes e transporte aéreo tremido, esperamos ter um campeonato bonito, bem disputado, com muitos golos, menos casos, sem acusações nem suspeições. Um Moçambola no qual o vencedor deve ser aclamado por tudo aquilo que terá feito nas 26 jornadas que se seguem. Que seja um campeonato onde brilham mais atletas do que árbitros. Que se fale mais da bola do que do transporte ou noites passadas nos bancos dos aeroportos.

Queremos que o Moçambola-2025, mais do que simples campeonato, seja uma verdadeira lição de resiliência, até porque nós, moçambicanos, somos resilientes de natureza.

Que vença o melhor!

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