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NOVO MUNDO DE JOTAMO GIRA ENTRE GRUAS E EMPILHADEIRAS!

É um dos melhores defesas centrais que passaram pelo nosso futebol. Do estilo ou vai ou racha, Jotamo será recordado pelo seu elevado espírito combativo. Também era duro. Não se deixava bater facilmente. “Eu era muito viril, mas não maldoso. Em cada lance disputado tinha em mente que estava a marcar um adversário que amanhã podia ser meu colega de equipa”, defende o atleta, que brilhou no Costa do Sol, Desportivo de Maputo, Chingale de Tete e Ferroviário de Maputo, antes de terminar a carreira, de forma forçada, no Ferroviário de Pemba, em 2013.

“Sei que muitas pessoas diziam que eu era muito mau, mas eu fui tão justo que ao longo da carreira só tive um cartão vermelho, inventado pelo árbitro Dionísio Dongaze, em Nampula, contra a Liga Muçulmana, que me valeu um ano e seis meses de suspensão e, consequentemente, o fim da minha carreira”, remata Jotamo, que é dos poucos jogadores que cometeram a proeza de serem campeões pelos três tradicionais grandes de Maputo.

Quando o futebol acabou, esqueceu-se rapidamente de viver na sombra da fama. Graças à sua boa conduta e postura exibidas ao longo da carreira, granjeou simpatia entre dirigente e adeptos, razão pela qual não teve muitas dificuldades de entrar no mercado de emprego. Passou fugazmente pela indústria gráfica e logo a seguir, em 2014, entrou para o Porto de Maputo, onde conduziu gruas e hoje viu a sua carreira sofrer um upgrade: é supervisor e está feliz com o que faz.

DO BAGAMOYO

AO COSTA DO SOL

Chama-se António Filipe Jotamo. É filho de Filipe Jotamo e de Teresa Zacarias Paulo. Nasceu a 25 de Novembro de 1976, no Hospital Central de Maputo. Além de si, que é o sétimo, o casal teve sete filhos: José, que era gémeo com a Tina, Ilda, Judite, Marta, o falecido Sérgio e Manuel.

A sua infância foi feita no Bairro de Bagamoyo, onde iniciou-se no futebol de rua. Em 1993 foi destaque do seu bairro no torneio infanto-juvenil SOBEC, o que lhe valeu a inclusão na selecção de Mahlhazine, formada depois do torneio e que ainda hoje existe, integrando aquela geração de 93. “Tive uma boa infância. As referências da minha zona eram o Altino e o Teodoro, mais velhos. Da minha geração estavam o Joaquim Malate, Paulino Dique e outros”.

Do futebol de rua ao federado a distância foi curta. O seu amigo Paulino Dique convidou-lhe a tentar a sorte no Costa do Sol, nos juvenis. “Por incrível que pareça, saíamos de Bagamoyo a pé, atravessávamos o Xikheleni, o Clube de Golfe, até ao campo do Costa do Sol. Mas como gostávamos de futebol nem nos importávamos com a distância. Fui inscrito em 1995 e começava a minha carreira futebolística”.

Em 1998 foi duplamente campeão, primeiro de juniores, em Inhambane, e depois de juvenis, em Maputo. “Foi gratificante ganhar dois campeonatos no mesmo ano. Em 1999, ascendi à equipa sénior. Bondarenko começou por experimentar-me na Liga Colgate. Viu que já estava preparado para asceder à equipa sénior, recheadas de grandes senhores na defensiva, como Zé Augusto, Mano Mano, Adino e Afonsinho, embora este tenha pouco depois saído para o Matchedje”.

E vai um elogio a Zé Augusto: “foi a pessoa que mais puxou por mim. Nos treinos queria que estivesse sempre na sua equipa. Dava-me muitas dicas. Sempre dizia que quando a manga está madura não se espera que ela caia. Arranca-se! Eram palavras encorajadoras, para dizer que naquele sector não podíamos admitir brincadeiras”.

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