Hoje, os holofotes incidem sobre Reginaldo Cumbana, jornalista da Sociedade do Notícias, SA, e voz incontornável do semanário desafio. A notícia que se impõe, e que rompe com o hábito de reserva do próprio jornalismo, é o iminente lançamento da sua primeira obra literária: “Rostos & Rastos”. Uma estreia que não é apenas uma conquista pessoal, mas um marco para a literatura desportiva moçambicana — que, com esta obra, se enriquece de um “estendal sagrado” de narrativas, onde se cruzam gerações, mitos e lendas do nosso desporto.
“Rostos & Rastos” surge como um verdadeiro relicário de memórias, um espaço onde o passado e o presente se entrelaçam, devolvendo ao leitor o pulsar das glórias e agruras de atletas que marcaram, indelevelmente, a história desportiva nacional. O livro promete ocupar lugar de destaque nas modestas prateleiras da literatura desportiva moçambicana e é fruto de uma paixão antiga de Cumbana: a de contar histórias vibrantes, de rigor jornalístico e prosa envolvente, como bem nos habituou ao longo dos anos nas crónicas, reportagens e até no já nostálgico “Retrovisor”.
“Rostos & Rastos” não é apenas um livro; é um gesto de justiça histórica, um acto de amor ao desporto e uma homenagem sentida àqueles que, com suor e talento, escreveram páginas douradas no nosso imaginário colectivo. Com esta obra, Reginaldo Cumbana inscreve-se, definitivamente, no panteão dos grandes cronistas do desporto moçambicano, assumindo-se como o fiel guardião das nossas memórias.
NASCIDO DA URGÊNCIA DE MEMÓRIA
Em conversa franca, Reginaldo Cumbana revelou as motivações que o levaram a embarcar nesta odisseia literária. “Tudo começa em 2021. Senti que havia uma lacuna na imprensa escrita, no que tange a narrativas sobre as nossas referências. Estavam no esquecimento, como se não tivessem existido, e isso é um erro abominável. Entre os culpados dessa situação estou eu. Aí pensei que devia criar uma coluna só de entrevistas com as nossas estrelas já retiradas”, confessa o autor, com a humildade dos que sabem reconhecer a urgência do resgate das nossas memórias.
Homem de múltiplos ofícios — da fundição de ferro à indústria têxtil alemã, passando pela indústria gráfica e revisão de textos, até ao jornalismo —, Cumbana traz para “Rostos & Rastos” o peso e a riqueza das suas vivências, que se materializam agora em cerca de 400 páginas ilustradas, repletas de histórias de superação, desilusão e glória.
“Sou dos mais velhos jornalistas desportivos no activo e tenho a sorte de ter vivido o desporto desde o tempo do colono e depois da independência, pelo que pesava sobre os meus ombros a responsabilidade de registar as memórias desses briosos desportistas reformados que fui assistindo e admirando, como forma de alimentar a saudade dos mais velhos e mostrar à geração actual que em Moçambique já tivemos atletas de outras galáxias em várias modalidades. Tinha a obrigação, sobretudo, de deixar uma marca no jornalismo desportivo. Um legado, na verdade, até porque estou a escassos nove meses da reforma. No final do dia, estou a fazer as pazes e reconciliar-me com a minha consciência. E com a história, sobretudo.”