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UM OURO COM PESO DE SONHOS E LÁGRIMAS QUE NINGUÉM VIU!

Poste de grande categoria, ‎Ana Paula Reis Ataíde pertence à geração de ouro do nosso basquetebol.

Da sua folha de serviços constam cinco campeonatos nacionais conquistados ao serviço do Maxaquene (4) e Desportivo (1).

O seu marco mais cintilante, porém, foi quando ajudou com sacrifício e abnegação a Selecção Nacional a conquistar o único ouro da história de Moçambique a nível de seniores femininos, em 1991, nos Jogos Pan-Africanos de Alexandria, Egipto.

DO CHIMOIO

PARA… O MUNDO

Quando os seus pais (Victorino Mendes dos Reis e Henriqueta Vasco Machado) a trouxeram ao mundo, a 15 de Janeiro de 1966, a cidade do Chimoio ainda estava sob domínio de regimes doutros tempos e nesta altura chamava-se Vila Pery. É duma família extensa de 15 irmãos.

– “Da parte da minha mãe nasci depois do Arlindo, Isabel, Onório, Elsa e Luís Filipe. Depois de mim vêm a Maria da Conceição, José Augusto e Januário. O meu pai teve outros filhos com outra mulher, designadamente Victor Manuel, Cristina Maria, Agnelo e o Bruno. Também tenho uma irmã em Cabo Verde, a Stela”.

Emerge como desportista em 1976, no Ensino Preparatório, em que nas aulas de Educação Física era comum praticar-se várias modalidades, desde o basquetebol, futebol, natação, ciclismo, badminton, voleibol, andebol e netball.

‎Com o tempo o basquetebol ganhou primazia, pelo que em 1979 inscreveu-se no Grupo Desportivo e Recreativo Textáfrica, onde jogou basquetebol e futebol. O seu primeiro treinador foi Mário Mutote, grande jogador e professor.

As primeiras participações de relevo foram nos Jogos Escolares, em 1980, com 14 anos, representando a equipa da província de Manica.

– “Mais tarde participei nos Jogos do Ensino Médio e Superior, reforçando a equipa do Instituto Médio Agrário de Chimoio, pois na altura estava a frequentar o Ensino Secundário”.

‎O seu desempenho nos seniores rendeu-lhe títulos colectivos por onde passou. Ao serviço do Textáfrica do Chimoio foi campeã provincial em 1979, feito repetido nos dois anos seguintes ao serviço da SHER. “Em 1982 passei para a Avícola do Chimoio e fui campeã provincial”.

EM MAPUTO

DESDE 1983!

Em 1983 transfere-se para Maputo. Juntamente com a sua irmã, Maria da Conceição Reis, ingressa no Clube de Desportos da Maxaquene, quando a equipa estava sob responsabilidade de Belmiro Simango.

Era um Maxaquene bem apetrechado, com jogadoras como Esperança Sambo, Aurélia Manave, Luísa Langa, Telma Manjate, Marta Monjane, entre outras, numa geração em que também já davam cartas outras atletas de renome, como Lucília Caetano, Ilda Mbeve, Afra Ndeve, Joaquina Balói, Ramira Langa, Benilde, Fauzia Gandá, Clarisse Machanguana, Páscoa Fonseca, Ângela Pedro Francisco, Lígia Zaque, entre outras.

Paula Reis foi um caso de crescimento precoce. Aos 13 anos, o seu talento permitiu-lhe conquistar espaço na equipa sénior, sem histórico nos escalões de formação.

– “A formação que recebi no basquetebol foi simplesmente o que consegui das aulas de Educação Física no Chimoio”.

Na capital do país prossegue o seu ciclo de conquistas festejando quatro título em 1984, 1985, 1987 e 1988, numa altura em que a turma do Maxaquene detinha a hegemonia do “basket” moçambicano e não só, cedendo às vezes para o Costa do Sol e Desportivo, ambos de Maputo.

Em 1989 rompe com o Maxaquene…

– “Chateei-me com a Direcção do clube por causa de um assunto relacionado com equipamentos. Como sou afilhada do poeta José Craveirinha ele influenciou-me para mudar-me para o Desportivo e aconteceu”.

Representa os “alvi-negros” por duas temporadas…

– “Nesse ano o Desportivo de Maputo foi campeão nacional…, numa final com o Maxaquene. Lembro-me que marquei o cesto da vitória nos últimos segundos do jogo”, diz Ana Paula Reis, que, endiabrada, terminou a partida com 25 pontos.

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Foi fundado no dia 24 de Junho de 1987 como presente da Sociedade do Notícias aos desportistas por ocasião dos 12 anos de Independência Nacional, que se assinalaram nesse mesmo ano.