Poste de qualidades excepcionais, Ilda Maria José Mbeve fez nome na equipa sénior de basquetebol do Grupo Desportivo de Maputo, que a catapultou para um brilharete na Selecção Nacional. Ao serviço dos “alvi-negros” foi campeã nacional em 1989, quebrando o enguiço que o clube vinha observando deste a independência nacional. Pelo conjunto de todos nós, Ilda faz parte das bravas jogadoras que em 1991 cometeram a proeza de conquistar a medalha de ouro em Alexandria, nos Jogos Pan-Africanos do Egipto.
Apesar da grandiosidade dos seus feitos, juntamente com as suas colegas dos anos 90, é com algum desconforto que Ilda Mbeve olha para trás e descobre que faltou algum reconhecimento da parte de quem de direito. Mas porque até os desertos costumam ter oásis, ela minimiza os mimos que faltaram à sua geração e diz mesmo que, apesar de tudo, está grata por o basquetebol a ter tornado na pessoa que é hoje.
CORDÃO UMBILICAL
CAIU EM MONTEPUEZ
A nossa entrevistada nasceu em Montepuez, província de Cabo Delgado, no dia 11 de Novembro de 1968, visto que o seu pai, José Velemo Mbeve, havia sido transferido de Maputo para Norte em missão de serviço. Da barriga da sua mãe, Maria Paulina Nhantumbo, Ilda é a primogénita.
“Éramos quatro irmãos na família, mas, infelizmente, perdemos um. Eu sou a mais velha de casa. Seguem-se Angelina Mbeve, o falecido Januário, que por acaso jogou basquetebol como eu, e, por último, o Xavier Mbeve, que optou pela carreira artística”.
A sua relação com o distrito de Montepuez é de mera nascença e durou apenas dois anos. O seu pai sempre foi de deslocações pelo país, que o fizeram passar por Chókwè e mais tarde por Manhiça, onde foi administrador distrital. Numa segunda vaga, isto já em 1977, a família regressa a Cabo Delgado e desta feita o seu pai é colocado como director das Cooperativas de Consumo, em Pemba.
EU NEM GOSTAVA
DO BASQUETEBOL!
É em Cabo Delgado onde emerge a veia desportiva, concretamente na Escola Secundária de Pemba. “O Presidente Samora mandou professores de várias áreas para as províncias e nessa altura a nossa escola recebeu os professores António Munguambe e Salvador Macaringue como professores de educação física, com a missão de promoverem o desporto a nível das escolas”.
Estava-se no ano de 1980. Aos 12 anos ainda era inocente e sem sonhos definidos. Porém, a sua altura estava acima da média e os professores Munguambe e Macaringue encaminharam-na, e bem, para o basquetebol.
“Para dizer a verdade, eu nem gostava do basquetebol. Gostava muito de jogar futebol, mas fui direccionada para o “basket” e acabei mesmo gostando e abraçando a modalidade com muita seriedade”.


