Fotos de Sérgio Manjate
Jamal era um jogador com porte físico de meter respeito, além de ser um inesgotável poço de forças, sempre disposto a deixar tudo em campo. Começou como médio na Texlom, em 1980, mas com o tempo baixou primeiro para lateral-direito e, por fim, para central de marcação, posição consolidada já ao serviço do Desportivo de Maputo, onde chegou em 1985 e fez parte dos famosos “Bebés de Kolev”, como eram conhecidos os jovens que o técnico búlgaro Dimitri Kolev promoveu no clube, em tempos de renovação.
DO INFULENE PARA TEXLOM

Chama-se Jamal Abacar Hija. É filho de Abacar Hija, da Ilha de Moçambique, e da nacalense Cirne Jamal Hassan. Nasceu em Maputo, no Bairro da Mafalala, a 15 de Junho de 1963, e é o caçula de uma lista de oito irmãos, encabeçada por Latifa, seguida de Sifa e Saida (falecidas), Hija, Saquina (falecida), Alima e Banamade (falecido).
“Nasci na Mafalala, mas pouco tempo depois mudei-me para Minkadjuíne. Daqui saí para o Infulene. Quando houve cheias em Lourenço Marques (Maputo), em 1967, muitas famílias da zona, incluindo do Bairro Indígena, receberam terrenos no Infulene, perto do Estádio da Machava, e foi lá onde cresci”.
A sua vida futebolística começa exactamente no Infulene, onde era vizinho do seu ex-colega Ali Hassan. “Jogámos juntos futebol de rua, um pouco depois da independência, até que em 1980 a Texlom recrutou alguns miúdos da zona. Foi assim que eu e alguns amigos abraçámos o futebol federado nos juvenis daquela empresa”.
Nessa altura estiveram também Cândido e Betinho, do Costa do Sol, e mais tarde David, que foi guarda-redes do Matchedje, entre outros. “Nós fomos os fundadores da equipa de juvenis da Texlom. Jogámos durante duas épocas. O nosso primeiro treinador foi Benedito”.
Enquanto juvenil, Jamal conseguiu emprego na empresa, pelo que jogava e trabalhava. “Lembro-me de que em 1983 o Ali Hassan saiu para o Desportivo. Eu e o Manuel, um grande jogador que desistiu pelo caminho, devíamos ter ido com ele, mas já éramos trabalhadores da empresa e não pudemos sair naquele momento”.
Na Texlom, Jamal era um meio-campista de qualidades notáveis, enquanto o seu amigo Ali Hassan era defesa e fazia (e muito bem!) o papel de líbero, actuando atrás do central de marcação. Aliás, como bom polivalente, Ali também jogava à vontade como guarda-redes.