Quando uma federação dá aos seus jogadores um capitólio para reivindicarem os seus prémios de jogo e demais honrarias, o mais certo é acontecer a mesma depredação moral que o centro legislativo dos Estados Unidos da América conheceu em Janeiro de 2021.
É assustador pensar que não exista na Federação Moçambicana de Futebol um código de conduta para as selecções nacionais. São grupos de atletas dos mais variados berços e proveniências que, estando a representar Moçambique e todos os moçambicanos, precisam de ver moderados os seus comportamentos por preceitos e normas.
A selecção que conseguiu o inédito apuramento para os quartos-de-final do CHAN da Argélia não só não sabia como reivindicar os seus direitos – como se viu, à falta do tal documento que orientasse a sua conduta – como até sequer sabia que a CAF premiava as equipas que se destacavam em cada etapa da prova.
Os jogadores souberam em Argel o que a FMF já tinha ciência.
Neste capitólio de Argel, a federação precisava ter estado à altura da sua selecção. O futebol e a mentalidade despreocupada que Chiquinho implantou nas suas equipas precisam encontrar acolhimento e eco numa federação mais profissional, mas sobretudo numa federação mais transparente. É uma pena que este grupo de jogadores seja tido como o de vilões, depois de tudo quanto conseguiu em Argel.
Não se pode deixar que o remorso e a penitência dos que procuram culpados se acobertem na criação de apressadas comissões de inquérito ou na suspensão de uma meia dúzia de jogadores expiatórios. É preciso apurar as responsabilidades de quem tinha por incumbência gerar literatura para legitimar ou censurar atitudes, mas sobretudo premiar uma circunstância histórica.
Até porque de gratificar e premiar não só vivem alguns presidentes das associações provinciais que se deslocam a Maputo para votar. E até esses já sabem quanto vale o seu voto…