Uma providência cautelar, desta vez requerida pela Comissão de Gestão do Grupo Desportivo 1.º de Maio, deu entrada há dias na 9.ª Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo com o Processo nº 26/25/D, com vista a forçar a direcção do presidente suspenso, Inusso Ibraímo, a proceder à passagem de pastas ao órgão transitório criado em Março último com a finalidade de preparar a assembleia-geral eleitoral, que deve acontecer este mês.
A providência cautelar surge depois de tentativas sem sucesso de a comissão obter da direcção-cessante, representada pelo vice-presidente para a Administração e Finanças Nuno Gouveia, e o secretário-geral, Daúde Carimo, os documentos sem os quais o órgão transitório não estará em condições de preparar a assembleia para a eleição de novos corpos gerentes.
Nuno Gouveia e Daúde Carimo são as duas figuras que em sede da assembleia extraordinária realizada a 22 de Março e que culminou com a criação da comissão ficaram com a missão de interagir com o órgão transitório, facilitando em tudo que for necessário para a preparação do pleito eleitoral, começando pela entrega dos documentos importantes para o efeito, o que não chegou a acontecer até este momento.
Numa carta dirigida a Daúde Carimo, datada de 8 de Abril, a comissão, liderada por Hiperfino Pachisso, solicita ao secretário-geral de Inusso a passagem de pastas para iniciar as suas actividades a partir de 14 do mesmo mês. Dentre os vários documentos solicitados destaque vai para o regulamento eleitoral, livro de registo e cadastro dos sócios; fichas dos sócios; logótipo (papel timbrado e em formato electrónico); relação de colaboradores e os respectivos contratos de trabalho; documentação dos imóveis (pastas de expedientes); chaves de acesso aos gabinetes; todos os contratos de arrendamento dos espaços, incluindo com os usuários do parque no campo; toda documentação relativa a compromissos assumidos com terceiros durante a vigência do mandato; toda documentação legal; toda a documentação dos imóveis; relação de contas bancárias (contratos de adesão e respectivos números de conta); todo o equipamento desportivo e electrónico; e carimbo do 1.º de Maio.
Recordar que a criação duma Comissão de Gestão no 1º de Maio foi na sequência da providência cautelar não especificada requerida pelo sócio número 15, Manuel Teófilo, que culminou a suspensão pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo de Inusso do cargo de presidente do clube, alegadamente por estar fora de mandato e recusa de convocar a assembleia eleitoral.
Inusso foi eleito em Janeiro de 2021 para um mandato de dois anos, conforme emanam os actuais estatutos do clube, que datam desde 1960. Mas permaneceu no cargo até à sua suspensão pelo Tribunal no dia 31 de Janeiro último, ou seja, depois de mais dois anos no cargo.
Mesmo num mandato baseado na actual Lei e Regulamento do Desporto, Inusso já estaria fora de mandato até à data da sua suspensão.
Apesar do elenco de Inusso ter actualizado os estatutos, em assembleia realizada ainda em 2021, os mesmos carecem de homologação, ou seja, ainda não foram publicados no Boletim da República para efeitos legais.