O quarto título do Songo no Moçambola, conquistado em apenas oito anos (2017, 2018, 2022 e 2025), evidencia a fase de transição que o futebol moçambicano atravessa nos últimos tempos. Os últimos dez anos (2015-2025) estão sendo cada vez mais dominados por clubes que, até há pouco tempo, raramente eram tidos como favoritos à conquista do troféu. O Ferroviário da Beira, que só conquistou o primeiro título em 2016, foi quem abriu o caminho para essa nova realidade, tendo em 2023 repetido a dose. Já a Black Bulls confirmou a tendência ao conquistar dois títulos no mesmo período (2021 e 2024).
Neste “novo normal”, o Costa do Sol destaca-se como o único dos clubes históricos a ter conseguido erguer o troféu em 2019. Na verdade, essa mudança começou a ganhar forma há mais de uma década, com a ascensão da Liga Desportiva, que venceu quatro títulos consecutivos entre 2010 e 2014. Apenas o Ferroviário de Maputo conseguiu, em 2015, preservar a hegemonia tradicional dos chamados “históricos”. Desde então, porém, o panorama alterou-se de forma profunda.
Clubes que durante décadas construíram prestígio e glória, como são os casos do Costa do Sol, Ferroviário de Maputo, Maxaquene e Desportivo de Maputo, estes dois andam há mais de cinco anos na “segundona”, enfrentam hoje um cenário em que o peso da tradição já não basta para garantir títulos. Afastados das decisões, assistem à afirmação de novos emblemas, que vieram redefinir o equilíbrio competitivo do Moçambola.
Apesar de o primeiro campeão nacional ter sido o Textáfrica desde a sua primeira edição, em 1976, o Campeonato Nacional (na altura disputado em regiões) foi marcado pelo domínio de clubes sediados, sobretudo, em Maputo. Investimento e tradição consolidaram a supremacia dessas equipas.


