Jorge Armando Macamo, ou simplesmente Macamo, deliciou os adeptos do futebol moçambicano a partir de meados dos anos 80, em particular do Ferroviário das Mahotas, Palmeiras da Beira e Maxaquene, graças ao grande pulmão com que fazia o papel de médio-volante, apoiando-se na sua velocidade, resistência, drible em progressão e grande capacidade de luta.
Rostos & Rastos traz ao leitor, nas linhas que se seguem, a história deste craque, irmão mais velho dos também craques e médios Chico e Macamito, ambos com passagens pelo Maxaquene. Um homem cujo trajecto foi acompanhado pela obsessão em garantir uma arte que lhe desse sustento depois de pendurar as chuteiras, o que fez de si um técnico de frio renomado.
No fim do dia, Macamo acaba sendo um grande exemplo para muitos atletas que, vezes sem conta, se deixam levar pela fama, palmadinhas nas costas, fartura postiça e muitas vezes insustentável, esquecendo-se de preparar a fase mais delicada das suas vidas, quando o dinheiro derivado da sua actividade deixar de cair na conta.
PRIMEIROS PASSOS
NA PRAÇA DE TOUROS
Nasceu a 22 de Janeiro de 1964. É filho primogénito de Armando Macamo e Raquelina Inguane, que depois de si lhe deram mais três irmãos, nomeadamente Angélica, Francisco (Chico) e Paulo (Macamito).
“Nasci no bairro da Maxaquene, perto da Praça de Touros. Estudei na Escola Paiva Manso (Primária do Alto Maé) e depois na ‘Padre Alves Martins’ (25 de Setembro)”.
Macamo lembra-se de um episódio caricato, visto que “quando os meus pais mudam-me para a ‘Padre Alves’ tive de recuar para a pré-primária, por dificuldade de localização do boletim de passagem para a primeira classe. Acabei fazendo todo o Ensino Primário ali e depois fui parar na Escola Secundária da Maxaquene”.
A morar perto da Tourada, Macamo começou a jogar futebol num campo que se situava onde agora é a Shoprite. “Ali íamos ver grandes ídolos da Mafalala e também comecei a jogar futebol naquele campo”.
