“A maior alegria hoje é a Sociedade do Notícias ser proprietário do único semanário desportivo que o país tem, impresso, no caso.
Não queria que isso fosse tomado pelos colegas da Rádio nem da Televisão como alguma afronta, mas é, de facto, o único semanário desportivo que o país tem. E arrisco-me também a dizer que foi da porta do Desafio que muitos jornalistas desportivos começaram a fazer jornalismo desportivo. Aliás, se calhar deveria confessar que eu próprio entrei para a Sociedade do Notícias para o Jornal Desafio, isso significa muita coisa para muitos de nós. É uma escola, é uma escola do jornalismo desportivo, tal como é para Rádio e Televisão. E fruto disso é o Alfredo Jr. (que está aqui), é fruto desta escola. Hoje é um jornalista que está a trilhar uma área do jornalismo que ainda não tinha sido explorada, e está de parabéns por isso. Isto para dizer para que todo este conjunto de coisas aconteceu com inspiração no Desafio e Desafio inspirou-se no Chiquinho e nos seus bons momentos. Então é uma combinação de inspirações que acho que vale a pena celebrar .
Infelizmente tivemos uma situação de pandemia, de doença, que levou que durante um tempo o jornal tivesse que parar de ser publicado na edição impressa, mas o jornal sempre continuou na edição digital. E isso acabou fragilizando um pouco a força que o jornal tem na informação sobre o desporto, e conhecemos a força que o jornal tem, porque sabemos que nem todos têm a facilidade de aceder aos meios electrónicos. O Desafio de papel dá aquele prazer de pegar, folhear e encontrar aquela informação que interessa.
Mas para dizer que o jornal sempre existiu e sempre vai existir. Hoje completa 35 anos, mas queremos que ele vá por mais 350 anos. Que há de facto muita coisa por fazer. Se calhar tentando parafrasear Marcelino dos Santos, que dizia Enquanto houver revolução por fazer não há tempo para morrer”, e eu digo: “Enquanto houver jornalismo desportivo para fazer não haverá, seguramente, tempo para o Desafio desaparecer”.
Se calhar lançar um repto, aproveitando a presença de jornalistas desportivos, precisamos de ir melhorando a maneira como fazemos esse nosso trabalho. Hoje em dia, com o avanço da tecnologia, o jornalismo tornou-se numa espécie de actividade industrial, em que as notícias são produzidas quase de forma industrial. Há muita coisa todos dias. E isto faz-nos encontrar maneiras também modernas de abordagem. Não só dizer o que está a acontecer, mas explicar o que está a acontecer e por que está a acontecer. E este desafio é importante, sobretudo para o jornalismo desportivo, porque temos que ter cada vez mais repórteres com a capacidade de fazer jornalismo transversal, com conhecimento de outras áreas desportivas. É o desafio que temos e ao nível da nossa empresa temos esta disponibilidade para apoiar qualquer iniciativa para ajudar jornalistas desportivos a crescerem nessa dimensão profissional de interpretação e melhor compreensão do fenómeno desportivo que tem muitas dimensões e precisa de ser bem compreendido para ser melhor explicado. Obrigado, Chiquinho, obrigado Desafio, obrigado Jornalismo desportivo”.
*Discurso do PCA da Sociedade do Notícias, Júlio Manjate, por ocasião dos 35 anos do Desafio