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REPORTAGEM

EMA REGRESSA À RIBALTA

Depois de superar um dos momentos mais desafiantes da sua carreira, Ema Novo está de volta à árbitra. Reconhecida como a melhor no Moçambola em 2018 e 2024, foi recentemente aprovada nos exigentes testes físicos da FIFA realizados em junho deste ano e volta a estar apta para apitar no principal campeonato de futebol moçambicano. Este regresso marca uma reviravolta significativa, depois de ter reprovado nos testes realizados em abril, devido à lesão num dos joelhos.

Três meses após o revés inicial, Ema participou num curso intensivo de arbitragem dedicado exclusivamente a mulheres, promovido pela Federação Moçambicana de Futebol (FMF), em parceria com a FIFA. Durante a formação, Ema destacou-se, ao completar as cinco corridas de 40 metros exigidas sem falhas, demonstrando estar em plena forma física e técnica. Agora integra o grupo de Elite 2025 e aguarda ansiosamente a sua chamada para os campos.

“É um momento de muita emoção e não há coisa melhor que voltar a fazer o que mais gostamos. Considero uma batalha vencida. Espero continuar a melhorar a cada dia, pois tenho a plena consciência de que a maior luta que tenho de travar é comigo mesma”, afirmou Ema, visivelmente emocionada.

A carreira de Ema Novo é um exemplo de dedicação e resiliência. Iniciou o seu percurso em 2012, como árbitra assistente, tendo recebido a insígnia da FIFA no mesmo ano, após ser promovida à árbitra principal. A sua estreia como árbitra central deu-se em 2016, num jogo entre o Maxaquene e o 1º de Maio de Quelimane, no Estádio Nacional do Zimpeto. Agora, com mais esta conquista, Ema reforça a sua posição como uma das principais figuras da arbitragem no país.

Além de Ema Novo, outros nomes foram também apurados para integrar o quadro de árbitros do Moçambola-2025, depois de terem sido aprovados nos exigentes testes físicos e técnicos já referenciados. São eles: Wilson Muianga (Maputo), Teófilo Mungoi e Meque Giro (Província de Gaza), e Omar Simbe (Província de Manica).
Destaca-se ainda a aprovação, nos testes realizados em Maputo, de Cacilda Fernando, árbitra proveniente da Comissão Provincial de Árbitros de Futebol do Niassa, que se junta assim ao grupo de árbitras credenciadas para a nova época.

Formação Inédita

O curso intensivo, que decorreu de 16 a 20 de junho na sede da FMF, reuniu 22 árbitras de diferentes níveis - internacionais, nacionais e provinciais - com o objectivo de aprimorar o desempenho técnico e físico, além de actualizar as participantes sobre as leis do jogo. Esta formação, inédita em Moçambique, contou com a presença de três instrutoras e foi coordenada pela FMF, em colaboração com a FIFA, reafirmando o compromisso institucional de valorização da arbitragem feminina.

Durante a cerimónia de encerramento, Paulo Marques, instrutor técnico da FIFA, destacou a paixão e o empenho das participantes.

“Este é um momento muito importante não só para a FIFA, mas também para a Federação. Gostava de agradecer a dedicação de todas as árbitras que mostraram uma enorme paixão pelo que fazem”.

Efraim Dzengo, instrutor físico da FIFA, ecoou o sentimento de missão cumprida:“Foi uma semana de trabalho intenso, mas saímos daqui com a sensação de dever cumprido. As árbitras estiveram a um excelente nível, e esta é uma conquista nacional, tanto para elas, como para nós, enquanto formadores”.

António Chambal, por sua vez, vice-presidente da Federação Moçambicana de Futebol, sublinhou a importância de iniciativas como esta para o crescimento do futebol feminino.

“O número de árbitras está a aumentar. No futuro veremos vários jogos do Moçambola com trios completamente femininos. Isto é um avanço não só para o futebol, mas também para a valorização das mulheres em áreas tradicionalmente dominadas por homens”.

Por seu turno, Francisco Machel, presidente da Comissão Nacional de Árbitros de Futebol (CNAF), reforçou o compromisso da instituição. “Estamos muito satisfeitos com o trabalho realizado e com o empenho demonstrado pelas participantes. O sentimento é de imensa satisfação, por termos conseguido realizar uma formação desta qualidade”.

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Marco para o país

-Fernanda Paizana, instrutora da província de Nampula

A experiência foi marcada por um misto de emoção e aprendizado, como relataram algumas das participantes e instrutoras

“A felicidade é imensa. Aprendemos muito não só sobre as 17 leis do futebol, mas também sobre como sermos espelhos para outras meninas que estão a começar. Esta formação é um marco para nós”.

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