Com a recente estreia pela Selecção Nacional de Futebol Sub-23 na Taça COSAFA, na vizinha África do Sul, frente ao Zimbabwe, Lourenço Manhique “Loló” realizou um dos seus principais sonhos de futebolista, que era representar os cerca de 34 milhões de moçambicanos numa competição internacional.
O avançado “tricolor” jogou os primeiros 45 minutos na derrota de Moçambique frente ao Zimbabwe (1-3), numa partida em que o combinado nacional perdeu o acesso às meias-finais da Taça COSAFA, tendo sido substituído ao intervalo, quando o resultado estava em 1-2 a favor dos zimbabweanos.
Loló, actual melhor marcador do Campeonato da Cidade com sete golos em cinco jogos como titular, ainda que a “militar” na II Divisão, almeja representar a Selecção “A” ainda este ano e carrega o sonho de fazer Ciências da Comunicação, pois quando terminar a carreira deseja ser jornalista de profissão.
Ao desafio, o jogador, de 19 anos e filho do ex-internacional moçambicano Alvarito, contou que para chegar ao nível em que se encontra teve de abdicar de muitos hábitos e dedicar mais do seu tempo aos treinos. Falou ainda dos seus sonhos dentro e fora do rectângulo de jogos.
– “A época não começou como todos pensam. Na verdade era “banqueiro”. Era frequente eu entrar só nos últimos 10, 15 ou 20 minutos. Tal não me conformava e meu pai sempre me aconselhava a treinar muito, a fazer treinos individuais, a me esforçar e, acima de tudo, a descansar sempre. Então, eu fui ouvindo o que ele me dizia, me preparei e graças a Deus quando me deram a primeira oportunidade agarrei com as unhas e dentes”, começou por dizer o jovem jogador.
JOGAR NO COSAFA É ATÉ
AQUI O MAIOR FEITO DA CARREIRA
– Qual foi o sentimento quando soube que iria disputar o Torneio COSAFA?
– “Foi um momento bastante emocionante para mim. Até agora foi o maior feito da minha carreira. Desde o momento que fiquei a saber que existiam selecções de base sonhava sempre em fazer parte das camadas de base da selecção. Viajar, representar a minha família, todos os 33 milhões de moçambicanos. Falhei os Sub-17, Sub-20, mas Deus quis que aparecesse numa selecção muito mais superior e issofoi motivo de muito orgulho, tanto para mim, assim como para os meus pais, meus vizinhos, meus familiares. Antes mesmo de sair a convocatória o seleccionador nacional já havia falado comigo. Ele soube que eu marcava golos, então ele veio assistir-me. Foi num jogo contra o Black Bulls “B” e eu marquei um golo de cabeça. Então ele, depois do jogo, me disse, vou te levar para o COSAFA e esses golos que você está marcando aqui quero que chegue lá e faça o mesmo”.
– Já experimentou a selecção, ainda que a Sub-23. Qual é o próximo passo?
– “Sonho muito em jogar na selecção principal. Ser convocado pelo ‘mister’ Chiquinho para representar os Mambas seria a consumação do meu grande sonho. É ali onde eu acredito que meu pai poderia mesmo ‘morrer’ de emoção, porque ele representou a selecção e acho que seria motivo de muito orgulho, muita alegria para ele, para além de que representar a selecção também seria algo histórico, por pai e filho terem jogado pela selecção”.
– Como foi, para si, marcar três golos ao maior rival do Maxaquene?
– “Senti-me muito especial. Foi ali onde comecei a me sentir jogador de verdade. Comecei a me sentir especial. Fazer três golos contra o Desportivo é um feito inimaginável. Isso é algo que já faz parte da minha história. Comecei a escrever a minha história ali. Foi ali onde todos começaram a olhar para mim. Foi ali onde chamei a atenção do meu treinador e do seleccionador nacional, e, graças a Deus, consegui fazer 5 jogos seguidos a marcar. Foi um feito muito grande, agradeço muito a Deus por isso”.